Conheça a Dengue

Sem sombra
de fake

Bebida com limão, maçã, couve, alho e mel não previne ou cura a dengue

Ítalo Rômany, Lupa

Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem indica o uso de receitas caseiras para prevenir e eliminar a dengue. A primeira delas é uma bebida feita com folha de couve, maçã, suco de limão, alho, meio copo d’água e uma colher generosa de mel. Ele também sugere um chá preparado com diversas plantas, como angico, cavalinha, cipó azougue, cordão-de-frade, crajiru (ou pariri), ipê-roxo, china, sabugueiro, tanchagem, unha-de-gato e urtigão. As alegações são falsas.

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:

Postagem fake
Para prevenir e para eliminar a dengue [a receita] é a seguinte: uma folha de couve, uma maçã, suco de meio limão, um dente de alho, meio copo de água e uma boa colherada de mel. Bater tudo no liquidificador, menos o mel. O mel a gente mistura depois. E tomar um copo dessa mistura diariamente durante 12 dias. Depois de 12 dias, basta duas vezes por semana. Isso aqui serve para tanta coisa, tanta coisa, nutre tanto

–  Trecho de vídeo que circula no WhatsApp
Falso

Não há qualquer comprovação científica que demonstre que as receitas citadas no post tenham eficácia contra a dengue. A recomendação de autoridades sanitárias e especialistas é de ter cautela com “chás milagrosos”. Não há medicamentos eficazes contra a doença — a única terapia recomendada é o manejo clínico, hidratação e tratamento dos sintomas.

O Ministério da Saúde explica que muitas dessas receitas caseiras para a dengue não têm eficácia científica e podem provocar algum risco de intoxicação e irritação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também reforça que não existe medicamento específico para tratar a doença. A recomendação é de não se automedicar. “Beba muito líquido para evitar a desidratação, de preferência sais de reidratação oral", diz.

Especialistas ouvidos pela Lupa, como o médico Estevão Urbano, da Sociedade Mineira de Infectologia, afirmaram que não há qualquer comprovação científica que demonstre que alimentos como maçã e limão combatam a dengue. 

"O tratamento convencional para tratar infecções do vírus da dengue consiste no manejo dos sintomas (febre, dores musculares)", afirmou para a Lupao professor Renato Oliveira, do departamento de Fisiologia e Patologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). 

Pesquisador e infectologista do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), André Siqueira afirmou ao site da instituição que, apesar de não haver um tratamento específico para a dengue, é importante que o paciente se hidrate. 

Casos de trombose são raros

De acordo com a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), alimentos que contêm salicilatos (classe de fármacos anti-inflamatórios não esteroides com propriedades analgésicas) devem ser evitados em caso de suspeita da doença. Dentre esses alimentos, está o limão. "Podem provocar alterações gástricas, hipotensão, alergia, distúrbio do equilíbrio ácido-básico e fenômenos hemorrágicos que poderão gerar anemia", alerta a associação.

”Plantas que ajudam no combate à dengue: alho, angico, cavalinha, cipó azouge, o chamado açouge também, cordão de frade, crajeru ou pariri, é um cipó, ipê roxo, a casca, quina, sabugueiro, tansagem, unha-de-gato e urtigão. Pode-se misturar até oito plantas no máximo dessas e tomar 700 ml de chá por dia para adultos. Também tomar óleo de copaíba ajuda bastante. Com esses procedimentos logo a dengue terá que ceder. Se você duvida, experimente. Não lhe fará mal, é uma coisa bem natural, são procedimentos naturais”

– Trecho de vídeo que circula no WhatsApp
Falso

Suplementos e alimentos mencionados não aparecem no Manual de Manejo Clínico da Dengue do Ministério da Saúde. O documento reúne os protocolos de tratamento recomendados e reforça que não há, até o momento, um medicamento específico para a doença. A pasta afirma ainda que o tratamento recomendável é a reposição de líquidos adequados e repouso.

Edição: Ítalo Fagundes

Este conteúdo foi licenciado pela Lupa, hub de soluções de combate à desinformação, e originalmente postado em seu site em 08/05/2025.